sexta-feira, 11 de novembro de 2016

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Perdoa, não sabia que cantavas
Em sossego, silenciosamente. Neste calor
é preciso beber água gelada; também convém
não adorar ídolos, por exemplo a imagem
que aí trazes de ti e te atormenta
(ou me atormenta a mim?). 
Outros exemplos incluem jardins de babilónia, 
Erupções do etna, o efeito
afrodisíaco do diamante, 
as ciências da educação. 
Vou-me sentar aqui, respirar até doer
as coisas possíveis nunca reais, 
aprender, nó a nó, como te soltas; 
Vamos cair num poço, sem
bússola e pára-quedas, vamos ser o primeiro
amor a dois no mundo. 
1999, António Franco Alexandre

quinta-feira, 28 de novembro de 2013



somente aquele que canta de modo mais sensual . B.F. para o bem e para o mal. :)

" ..There's a world awaiting
Way beyond the sea
How I love to travel
Baby will you come with me?


You can dance"

domingo, 10 de novembro de 2013






...  Duas coisas que me apetecem muito. Flores e banho de mar. sem grandes ondas.
MAGIA.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013




Um elogio aumenta a produtividade. Um voto de confiança: "vais conseguir" às vezes é mesmo um bálsamo bom. Ou "que bem que estiveste".

Bem haja quem é capaz de os dar. E receber também.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013




Gente de BEM com a VIDA

Quem critica por criticar,  sem desconstruir as coisas, de forma viciada e presa a ideias preconcebidas, “fotografias” que tira, sem se pôr na pele do outro, sem se reposicionar e tentar despir preconceitos, normalmente penso que pode estar a esconder através de arrogância e mesmo prepotência a sua própria insegurança, o seu lado mais falível. Se somos mais flexíveis com a imperfeição dos outros, somos menos críticos, temos olhares mais amenos, mais sábios, mais tonais, mais tolerantes com o mundo e com aquilo que achamos “falhas”.

sábado, 19 de outubro de 2013

Se fosse viva, faria 100 anos.
A Tia Lolinha a iluminar a paisagem....







sábado, 15 de junho de 2013

Alimentar o Amor Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Chega-se sempre à primeira frase, ao primeiro número da revista, ao primeiro mês de amor. Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha na página branca, da luz e do barulho das portas a abrir.
Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito cada vez menos estas actividades. Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais amo e respeito é a actividade de manter.
Em Portugal quase tudo se resume a começos e a encerramentos. Arranca-se com qualquer coisa, de qualquer maneira, com todo o aparato. À mínima comichão aparece uma «iniciativa», que depois não tem prosseguimento ou perseverança e cai no esquecimento. Nem damos pela morte.
É por isso que eu hoje respeito mais os continuadores que os criadores. Criadores não nos faltam. Chefes não nos faltam. Faltam-nos continuadores. Faltam-nos tenentes. Heróis não nos faltam. Valtam-nos guardiões.

É como no amor. A manutenção do amor exige um cuidado maior. Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão. O esforço de fazer continuar no tempo coisas que se julgam boas — sejam amores ou tradições, monumentos ou amizades — é o que distingue os seres humanos. O nascimento e a morte não têm valor — são os fados da animalidade. Procriar é bestial. O que é lindo é educar.
Estou um pouco farto de revolucionários. Sei do que falo porque eu próprio sou revolucionário. Como toda a gente. Mudo quando posso e, apesar dos meus princípios, não suporto a autoridade.

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É tão fácil ser rebelde. Pica tão bem ser irreverente. Criar é tão giro. As pessoas adoram um gozão, um malcriado, um aventureiro. É o que eu sou. Estas crónicas provam-no. Mas queria que mostrassem também que não é isso que eu prezo e que não é só isso que eu sou.
Se eu fosse forte, seria um verdadeiro conservador. Mudar é um instinto animal. Conservar, porque vai contra a natureza, é que é humano. Gosto mais de quem desenterra do que de quem planta. Gosto mais do arqueólogo do que do arquitecto. Gosto de académicos, de coleccionadores, de bibliotecários, de antologistas, de jardineiros.

Percebo hoje a razão por que Auden disse que qualquer casamento duradoiro é mais apaixonante do que a mais acesa das paixões. Guardar é um trabalho custoso. As coisas têm uma tendência horrível para morrer. Salvá-las desse destino é a coisa mais bonita que se pode fazer. Haverá verbo mais bonito do que «salvaguardar»? É fácil uma pessoa bater com a porta, zangar-se e ir embora. O que é difícil é ficar. Isto ensinou-me o amor da minha vida, rapariga de esquerda, a mim, rapaz conservador. É por esta e por outras que eu lhe dedico este livro, que escrevi à sombra dela.
Preservar é defender a alma do ataque da matéria e da animalidade. Deixadas sozinhas, as coisas amarelecem, apodrecem e morrem. Não há nada mais fácil do que esquecer o que já não existe. Começar do zero, ao contrário do que sempre pretenderam todos os revolucionários do mundo, é gratuito. Faz com que não seja preciso estudar, aprender, respeitar, absorver, continuar. Criar é fácil. As obras de arte criam-se como as galinhas. O difícil é continuar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'
  Amor  Perseverança